julho 18, 2011

Dando início ao GRAPHICINEMA


Após ter adiado várias vezes (pelo simples motivo de falta de tempo), finalmente pude dar início ao blog GRAPHICINEMA – uma idéia que estava em minha cabeça já há algum tempo. A intenção surgiu como um desdobramento natural de uma linha de pesquisa iniciada em 2004, quando ingressei no curso de doutorado na área de Comunicação e Estética do Audiovisual (nome posteriormente alterado para Estudos dos Meios e da Comunicação Mediática) da Escola de Comunicação e Artes (ECA), na Universidade de São Paulo. O projeto de pesquisa para a tese, intitulado “Arte gráfica enquanto cinema e cinema enquanto arte gráfica” e orientado pelo professor Arlindo Machado, envolvia o estudo da produção cinematográfica do designer Saul Bass e tratava justamente das relações entre o design gráfico e o cinema. Na época pareceu-me interessante (e até certo ponto inovador) propor para uma tradicional instituição de ensino e pesquisa do audiovisual um estudo sobre a produção de um designer gráfico, composta basicamente de sequências de apresentação de créditos. Na verdade, analisar a produção audiovisual de Bass significava ampliar os limites tanto dos estudos em cinema como em design gráfico. Sempre considerei que as teorias cinematográficas se concentraram muito na questão narrativa e menos na questão desta arte enquanto uma linguagem visual-dinâmica. Isto fica evidente quando tentamos buscar referências teóricas para ler/analisar um filme não-narrativo ou um filme cujo roteiro é apenas um pretexto para investigações visuais. Como ler e avaliar um filme de Man Ray, Len Lye, Norman McLaren ou Stan Brakhage? A situação fica ainda mais complexa quando tentamos compreender a estrutura de certos comercias de TV, videoclipes e, principalmente, de peças audiovisuais “gráficas”, como vinhetas e sequências de apresentação de créditos. Naturalmente noções vindas da literatura (narrativa) e do teatro (interpretação e mise en scène) são muito limitadas nestes casos, incapazes de promoverem grandes esclarecimentos. Mesmo o cinema de animação é mais considerado na sua estrutura narrativa e pouco avaliado na sua estrutura visual. Por outro lado, no campo do design gráfico, estudos sobre motion graphics são praticamente inexistentes. Quais critérios deve um designer seguir quando coloca um logotipo em movimento? Ou quando vai animar padrões gráficos criados originalmente para um suporte impresso? Este será o objetivo do blog GRAPHICINEMA, promover e compartilhar reflexões e apontamentos que considerem o aspecto gráfico do cinema (contemplado em todas as suas esferas) e as possibilidades cinéticas das artes gráficas.

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Quero expressar aqui meu agradecimento ao grande auxílio prestado pelo colega de trabalho e amigo, Prof. André Sbrana, para que o blog GRAPHICINEMA se concretizasse.
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