julho 19, 2011

Saul Bass e o motion design






















Não dá para começar a falar da relação entre cinema e artes gráficas sem falar dele. O norte-americano Saul Bass (Nova Iorque, 1920 – Los Angeles, 1996) é uma personalidade emblemática no campo do design. Sem dúvida um dos principais responsáveis pela afirmação desta profissão na cultura e na sociedade do século vinte. Embora tenha se tornado conhecido especificamente enquanto “designer gráfico” – segmento no qual, de fato, mais atuou – esta denominação se apresenta limitada para a sua atuação. Bass projetou símbolos e programas de identidades visuais para empresas como Quaker Oats, Alcoa, Minolta, ATT&T/ Bell System, Ajinomoto, Lawry’s Foods, United Airlines, Rockwell International, Dixie Cups, Celanese e Warner Communications (para citar as mais conhecidas) e para associações e entidades como a United Way e a Girl Scouts; projetou capas e miolos de livros para adultos e crianças; cartazes para eventos culturais e esportivos (entregas do Oscar, festivais de música e cinema, Olimpíadas); além de embalagens, selos, catálogos, capas de discos, revistas e anúncios publicitários. Além dos meios impressos, Bass também projetou exposições, mobiliários, playgrounds, padrões para cerâmicas e postos de gasolina para a Europa, América do Sul e Japão, sendo mundialmente conhecido seu design para os postos Exxon (Esso no Brasil).

Apesar da amplitude e da qualidade destes trabalhos colocarem Saul Bass num posto de destaque no hall of fame do design mundial, a sua afirmação como uma figura lendária no seu campo de atuação se deve principalmente à sua participação no meio cinematográfico. Lançado à fama mundial graças aos elaborados letreiros (seqüências de apresentação do título e dos créditos de um filme) que realizou para alguns dos maiores clássicos do cinema hollywoodiano do pós-guerra, Bass ampliou a atuação dos designers para o meio audiovisual. Também neste campo, Bass foi um profissional completo: além dos letreiros, dirigiu trailers, montages sequences, curtas-metragens e um longa-metragem. Fez documentários, filmes educativos, publicitários e de ficção, além de ter realizado vinhetas e comerciais para a tv. Para o designer britânico Roy Laughton, no campo do design, Bass fez pela tela (do cinema e da TV) o que a Bauhaus fez pela folha de papel (1).

Na maturidade da sua carreira profissional, Bass se apresentava simultaneamente como designer gráfico e cineasta, se afirmando na verdade como um profissional criativo, apto para atuar em diversas mídias. Entretanto, é evidente que sua formação inicial no design gráfico influenciou a sua produção subseqüente.

Parte da geração dos chamados designers modernos (isto é, influenciados pela Bauhaus), Bass abordou a linguagem cinematográfica encarando o filme, essencialmente, enquanto um projeto gráfico-dinâmico, destinado a transmitir informações e a provocar estímulos sensoriais no espectador, utilizando basicamente imagem e texto. E é justamente nesta forma até então original de se fazer cinema que se encontra um dos principais pontos de interesse sobre o seu trabalho. Seu pioneirismo na articulação dos códigos do design gráfico moderno na linguagem cinematográfica abriu caminho para o que hoje chamamos de motion design, uma forma de expressão audiovisual híbrida, nascida justamente da união dos princípios formais do design gráfico com os do cinema.

(1) LAUGHTON, Roy. TV Graphics. London: Studio Vista, 1970, p. 7.
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